terça-feira, 2 de março de 2010

Escola primária adota livro com palavrões

Um livro escrito por um adolescente e adotado por uma escola de Campo Grande para crianças de 10 anos vem gerando polêmica entre pais de alunos e educadores e se tornou tema de discursos acalorados na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O motivo são palavrões e expressões tidas pelos críticos como inadequadas presentes em Dia 4, escrito por Vithor Torres, 16, aluno da CNEC (Campanha Nacional das Escolas da Comunidade) Oliva Enciso, unidade onde surgiu a polêmica.
Escrita em primeira pessoa, a obra relata impressões do autor ao longo de uma viagem de ônibus entre Campo Grande e São Paulo. Os trechos polêmicos, em geral, são comentários sobre a roupa ou o comportamento de outros passageiros. “Até o mais idiota dos seres consegue reconhecer uma prostituta. No caso eram duas. Como sabia que elas eram putas? Muito simples. Uma profissional do sexo se veste apenas de duas formas: extravagantemente ou quase sem roupa”, diz um trecho do livro.
A publicitária Ângela Gouveia disse que se surpreendeu ao folhear o livro que a sobrinha de 10 anos iria usar na escola. “Não é falso moralismo nem hipocrisia ou puritanismo. Só não vejo onde isso pode agregar valores às crianças.”
O deputado Marquinhos Trad (PMDB) discutiu o tema no plenário da Assembleia Legislativa e defendeu que o caso seja denunciado à Comissão de Educação da Congresso Nacional. “Se não fizermos nada, o próximo livro será o da Bruna Surfistinha.”
A escola emitiu nota na qual disse que o livro não será objeto de leitura irresponsável. “A linguagem do texto flui naturalmente, e em alguns momentos o narrador extravasa toda a sua frustração ante os problemas pelos quais está passando”, diz a nota. “Daí registra-se (sic) alguns xingamentos ou palavras vulgares colocados no texto.”
O autor disse que não tinha noção do impacto que seu livro teria. “Muita gente criticou sem ler. Preferiram destacar frases soltas e fora do contexto”.


Fonte: Jornal do Commércio.

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